Dez frases que os pais nunca devem dizer aos seus filhos.Pais devem evitar falas que só ressaltam o lado negativo das crianças, o que pode traumatizar.
Vida de pai e mãe não é fácil. Na correria do dia a dia, é preciso manter a casa e as contas em ordem e ainda cuidar dos filhos. Por isso, algumas vezes, sem perceber, os pais acabam descontando a pressão nos pequenos, com frases que podem ter impactos indesejados
na formação da identidade e do caráter dos filhos.
Em geral, as frases têm cunho negativo e podem ser absorvidas de forma confusa pelo pequeno. “O que os pais falam têm um peso muito grande na noção e na construção da identidade das crianças. É necessário ter atenção”, esclarece a psicóloga Adriana Müller, especialista em terapia familiar.
As falas surgem sem uma contextualização. Por isso, têm uma influência maior na cabeça das crianças. “Tudo o que é ouvido por elas ajuda a construir a identidade própria. É preciso estimulá-los a construir uma compreensão de quem eles são realmente. Se eles ouvem muitas coisas ruins sobre si próprios, vão ficar cada vez mais para baixo, desmotivados”, explica Adriana.
Para ajudar os pais a evitarem esse tipo de situação, a reportagem listou dez frases que não devem ser ditas aos filhos. Todas são muito comuns, como comparações com irmãos e falas que ressaltam, de forma direta e pesada, os defeitos dos pequenos.
“Os pais devem se basear, sempre, no meio termo. Também não podem só elogiar, senão acontece o outro extremo: a criança acha que é imbatível e não tem problemas.Portanto, o ideal é fazer a crítica de maneira construtiva, lembrando sempre que o pai está ali a postos para ajudá-lo a superar aquilo”, orientou a especialista.
4 DE UMA VEZ
Moradora de Chácara Parreiral, na Serra, a especialista em logística Andreia Resende, 38 anos, dribla os desafios do dia a dia para educar os filhos Arthur, 13, André, 11, Davi, 7, e Júlia, 4. A mãe conta que não utiliza um método específico na criação das crianças, mas tenta ser sempre coerente com o que diz aos pequenos.
“Eu falo e faço o que acho que é certo, porque sei que isso influencia na vida deles por muitos anos. Evito frases que façam com que eles fiquem para baixo”, frisa.
Apesar dos cuidados, Andreia confessa que nem sempre é fácil seguir à risca as orientações dos especialistas. “A minha fraqueza é comparar um com o outro. Como são quatro, eles têm características diferentes e eu vez ou outra acabo fazendo essas comparações sem querer”, diz.
RESPEITO
As mães devem, sim, colocar limites em seus filhos. Mas não por meio de ameaças e medos, que acabam gerando insegurança nas crianças e provocando traumas futuros. Os filhos devem respeitar os pais e não sentir medo. Palavras negativas e repressoras só servem para abalar o emocional.
NÃO DIGA AOS PEQUENOS!
“Seu irmão faz isso melhor do que você”
A criança está construindo a própria individualidade, então precisa saber em quais competências elas se destacam. Quando existe a comparação, os pais podem destacar algo do irmão que a criança não dá conta e fazer e acabar reprimindo alguma virtude dela.
“Vou te colocar de castigo” ou “te bater”
A criança precisa acreditar nos adultos. As ameaças são sempre fortes e raramente cumpridas. Logo, o filho passa a não confiar no que o pai fala.
“Se você mexer aí, a polícia vai vir aqui para te prender”
As crianças devem estabelecer uma relação de respeito com os pais, sem que outra figura de autoridade entre para mediar isso. Se eu preciso de outra figura de autoridade para educar meu filho, preciso reavaliar meu método.
“Você é muito preguiçoso”
Os pais são a referência na construção da identidade das crianças. O olhar deles vai modelar a individualidade dos pequenos. Portanto, as críticas devem ser construtivas e equilibradas. Ajude-o.
“A injeção não vai doer” ou “Prova só um pedacinho, é uma delícia”
Por mais que os pais queiram “amenizar o sofrimento” dos filhos, é errado mentir. As frases devem ter uma conexão com a realidade. Fale que vai doer pouco e logo passa. É mais válido.
“Quer ir à escola?”
A hierarquia precisa ser mantida para que os pequenos tenham a quem recorrer em caso de dúvidas. Por mais que a criança não queira, os pais sabem que é importante que ele vá para a escola. Se você deixa que ele decida nessa situação, ele vai querer decidir em outras ocasiões também.
“Já falei com você mais de mil vezes”
Educar significa repetir a mesma coisa várias vezes, mas se você acha que está repetindo muito sem retorno, precisa repensar e passar a orientar melhor o filho. Mostre na prática o que está pedindo e avalie se ele está entendendo.
“Odeio sua professora”
Não deve ser dito de maneira nenhuma. Esse é o tipo de assunto que as crianças não têm maturidade para entender e deve ser tratado entre adultos. Por mais que você não goste da professora, precisa estimular a criança a ter um relacionamento positivo e, sobretudo, produtivo.
“Volte para o seu quarto, que não tem bicho lá”
Nunca devemos minimizar ou desqualificar o que as crianças estão falando. O certo é escutar e tentar entender. Diga “eu estou aqui com você”. Crie, junto com a criança, estratégias que ajudem a superar esses medos. Desta forma, ela se sente compreendida, protegida e orientada, e não abandonada no próprio medo, como na forma anterior.
“Você é relaxado como seu pai”
Quando a mãe diz isso (ou o pai diz sobre a mãe), prejudica a referência que o filho tem do pai. Evite esse tipo de comparação para que o outro adulto não seja questionado.
MARIANA PERIM – mvteixeira@redegazeta.com.br
QUINTA-FEIRA, 28 DE AGOSTO DE 2014 A GAZETA